terça-feira, 3 de julho de 2012

ANALÓGICOS E DIGITAIS

Teatro é teatro. É e pronto. Já pisei em palcos algumas vezes e a visão que se tem do lado de lá é indescritível.  Atores e atrizes de verdade sabem. Eu, por exemplo, estou prestes - há alguns anos, já -  à me matricular numa escola de teatro por amor. Sei das minhas limitações e apesar de reconhecer que sempre é e há tempo de recomeçar, não é o caso. É paixão por tudo o que se refere a arte. É como seguir uma religião que traz um pouco de tudo, de todas, dos mistérios e da ciência. Sei que vou viver menos do que vivi até aqui, assim aposto na intensidade do tempo - longo espero - que resta. Fico triste com notícias dos que se vão, e há tantos ultimamente. Em todas as áreas. Fico mais triste ainda  em perceber que tantos que participaram da construção da história da arte dita popular ou de massa neste país, estão esquecidos.

Alguns poucos heróis tentam resgatar a história da TV, que no seu início abria as portas para todos e que hoje são grandes nomes atrás e na frente das câmeras. Mas há um sem número, um sem fim de participantes reclusos por um motivo ou outro - e desconfio o que seja porque já desisti de fazer televisão umas 5 ou 6 vezes e acabo voltando porque é minha vocação. Onde estão e o que fazem as pessoas que habitaram algum dia o inconsciente dos telespectadores? Que guerra é essa por audiência e contratos onde talentos são esquecidos? Que decisão é essa de novos e sempre novos atores? O Brasil já não é um país jovem e vem envelhecendo ano a ano. Mas ainda há mais jovens hoje do que quarentões. A troca de idéias sobre o que já aconteceu é difícil. Sempre o interlocutor mais vivido acaba dando aulas e contanto histórias, o chato, o desagradável. Difícil, mas divertido. Quando esse povo se encontra, gargalhadas na certa. Analógicos num mundo digital, são muito mais engraçados. Penso que viver de arte no Brasil é tão difícil que não entendo a desunião de quem a faz. Quem é de cinema, é de cinema. Quem é de teatro, é de teatro, quem é de telas e tintas, é de galerias.  Raríssimas exceções dos que estão acima do bem e do mal. Não falo dos artistas de rua, nem dos que desprezam a mídia. Falo da mídia, sim. De quem ela não vê e consequentemente, o artista passa a "não existir"  para o povo de seu país; apenas nos nichos que os acolhem, respeitam e assim vivem entre sí sem a partilha do belo, do novo, do pensamento..., Reconhecer e misturar, conversar sobre o país, sobre seus rumos, sobre nossas produções, nossos quereres na certeza de que ainda podemos. Nos recluímos como se o tempo passado também o tivesse . Por opção, ok. Jamais por falta dela.

A educação em peso estava em greve no país e quase nenhum canal falou sobre. E se falou, foi sem destaque. Hoje milhares de professores estão repondo aulas aos sábados. É disso o que precisamos? Ta afim de saber a verdadeira verdade?
Essa coisa de "artista", viver dela e nela nos conquista para todo o sempre. Somos todos artistas, eu creio nisso. Mas em TV acontece o peculiar. Basta um crachá escrito "imprensa" para que em qualquer setor o colaborador sinta-se o próprio anything.. Alguns lembrarão do Bozó (salve Chico Anysio!). É cultura de massa? Que seja! É a mesma cultura de massa que volta a produzir obras primas com fotografia e texto impecáveis, como em Gabriela. Sempre haverão críticas e sempre é tempo de reagir. Tempo de usar a internet, os canais web, as facilidades para fazer acontecer o que se acredita. Hoje em dia há essa chance. Muita arte e cultura sendo feita e não divulgada. Há pesquisas que afirmam que o brasileiro está preferindo a iternet à televisão. Que assim seja e que democratizemos a arte socializando a informação.

Há  poderosos, "chiques"  e os business men por trás, ao lado, na frente de tudo. Somos poucos e talvez fortes. E desunidos... Nesse palco que é a vida, onde bancos, banqueiros, periguetes, lojistas, motoristas e secretárias de dentistas vivem interpretando, sonhando com uma vida com poucas possibilidades de acontecer, imaginando ser alguém que não são; temos muito o que fazer. Juntos.

Onde estão vocês? Quais os papéis que interpretam no palco da vida?
Onde estão vocês outros, que já foram sucesso e arrebentavam quarteirões e sequer podiam sair nas ruas? Quem é que está atrapalhando seus talentos? Quem os decepcionou? Quem os fez desistir?

Não podemos. Vamos articular nesse pequeno quadrado que estão usando pra ler, e mostrar o que sabemos sobre viver, interpretar, cantar, criar, contar. Nossas histórias. Suas histórias.

Pessoa dos anso 70, 80.,90... você é jovem! Jovem de alma e conteúdo. Vamos partihar, educar como podemos os teleguiados;  enfrentar o Golias.

Não acredito estar solitária nessa batalha de recuperar nossa história, de não ter feito tudo o que poderia ser feito. "Tudo o que você podia ser, sem medo". Fui deixando. Não quero mais. Atores do palco da vida e suas reviravoltas, uni-vos!.

Nós somos muitos, não somos fracos.

Com todo o meu respeito e admiração.

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