quinta-feira, 26 de agosto de 2010

TEMPOS SECOS

Nanny People definiu como poucos a quantas anda as relações humanas no Programa do Jô essa semana.

Ao comentar o humor atual dos stand ups dessa nova fornada de humoristas, Nanny, magistralmente, disse algo mais ou menos assim:

"(...) é um humor ácido, que desce queimando tudo, igual cachaça ruim"

Nanny ainda criticou a agressividade que deixa à todos constrangidos:

"nenhum empresário vai contratar um show desses! fica todo o mundo desconcertado"

Pois é assim mesmo que estamos: agressivos, ácidos, enfiando nossos comentários goela abaixo igual cachaça ruim, que desce queimando. Os incomodados? Que não ouçam, não vejam, não participem, não socializem.

Peralá... não é bem assim. Não é nada assim, aliás.

Existe um pessoal que está na moda. Estando na moda, ganha espaço e visibilidade. O difícil é ganhar respeito. Respeito é outra coisa. É tatuagem n'alma que a gente leva dessa pra outras. É ser ouvido de fato. É ter um discurso que faz a diferença, que traz satisfação à quem o faz, ainda que seja apenas para sí próprio. Aquela história de estar em paz, se sentir em paz, que é afinal ao primeiro passo na busca de todos no caminho da inalcançável felicidade, nénão?

A gente precisa de paz interior (já que fora ta cada vez mais difícil) para ponderar os fatos, os boatos, os atos e contratos dioturnos dessa vida louca vida. Tem gente que chama de "bom senso". Outros ampliam para "tolerância".

Acredito que também possa ser "maturidade" e "interesse".

Com tanta ferramenta de informação hoje em dia, não há como explicar porque se sabe tão pouco sobre a história da humanidade, das artes e da cultura em geral.

Minha filha cantarola versões da década de 80 regravadas por grupos de adolescentes. Ainda bem que ela tem quem a alerte. Ainda bem que ela é curiosa e vai atrás. Ainda bem que ela busca.

Nanny People tem o meu respeito e o de tantas e tantas outras pessoas por ser o que é. Por falar sem rodeios o que precisamos ouvir, por conseguir adjetivar um conceito inteiro, facilitando a compreensão dos que tem preguiça de "fuçar" na nossa história.

Clap! Clap! Clap!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ZIZI POSSI

Ontem gravamos com Zizi Possi. Extremamente simpática e generosa. Foi pro ar hoje. Gostei muito.

TRILHA DE NOVELA

Não dá pra não dividir essa.
Estava fuçando numa comunidade, lendo, relendo e reaprendendo um pouco de cada coisa como faço quase todas as noites quando dei de cara com a trilha sonora da novela "O Casarão". Comecei a ouvir a coisa toda ripada de vinil, com os pops e clicks e chiadinhos e to ouvindo até agora. Rolando Carpenters, I Know I need do be in Love. Carpenters! Tem coisa mais classe média romântica anos 70 do que Carpenters?
To curtindo.

1962, uma boa fornada


17 de Janeiro: Jim Carrey (ator, The Mask e avô)
30 de Janeiro: Jennifer Jason Lee (atriz)
08 de Março: Tom Cavalcante
09 de Abril: West Side Story - Oscar de melhor filme e outras 9 estatuetas
23 de Maio: O Pagador de Promessas - Palma de Ouro em Cannes
24 de Maio: Luiza Brunet
03 de Julho: Tom Cruise
31 de Julho: Wesley Snipes
13 de Agosto: Marcelo Novaes
17 de Setembro: Fátima Bernardes
11 de Novembro: Demi Moore
31 de Dezembro: Pedro Cardoso
What Ever Happened With Baby Jane? - Robert Aldrich
Os Cafajestes - Ruy Guerra
VII Copa do Mundo de Futebol/Chile - Brasil Campeão

Nascemos eu, você e os queridos que conhecemos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

da série: CRIAÇÃO E CRIATURA

Faça você mesmo uma caixa para garrafa de vinho. Decore da maneira que quiser. Encape com fotos, colagens, papéis criativos ou jornal.
Depois pinte, risque, rabisque... enfim.
Crie e seja feliz!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PEQUENO PODER, GRANDE ESTRAGO

Nada como o tempo (de estrada) para apurar nossas habilidades naturais ou adquiridas, tanto faz. O tempo apura de qualquer jeito.

A capacidade de observação, por exemplo. Se em nossa área de atuação a observação sempre foi requisito necessário, com o passar - e dom - do tempo, fica muito, muito fina.

Observação apurada com o amadurecimento então... nossa.

Pois, bem. Em minhas empreitadas observatórias, um tipo de pessoa bastante comum tem me chamado a atenção. Mais do que atenção, tem me incomodado bastante.

Certamente todo o mundo já teve e provavelmente ainda tem um tipo desses ao redor. É aquela em cuja presença é preciso ter cuidado com o que se diz, com o que se fala e com o que se faz porque com certeza ela vai soltar um comentário aqui, outro lá, outro mais adiante, mais um aqui pertinho. Geralmente desfavorável. E como você sabe que tem que tomar cuidado? Porque ela fala dos ausentes na sua presença, conta uma história conhecida de modo diferente o suficiente para a pulguinha se mudar para sua orelha.

Geralmente essas pessoas passam de nine to five colhendo informações para detonar o desafeto. Não se iludam, é detonar mesmo. Esse tipo de gente tem habilidade estratética para criar uma situação desconfortável e principalmente, desviar o foco de sí. É um tanto quanto písico isso: ao mesmo tempo que querem tudo de todos, inclusive os holofotes e créditos e louros e dinheiros, aguardam discretamente - e nas sombras - o momento do mergulho absoluto na fama.

Todos nós lidamos com isso. Todos os dias.

Eles estão entre nós: o detentor do pequeno poder. Aqueles cuja função os coloca em contato com todos os departamentos da empresa.

Fique atento às pessoas que fazem piada de tudo e que sempre têm um comentário engraçado sobre alguém ou situação com muita frequência. Veja bem: eu disse SEMPRE. Rir é muito bom, muito bom mesmo. Mas rir de tudo é desespero. Essa pessoa não ri apenas com você. Ri de você com os outros.

Seja delicado com seus colegas de trabalho. Cuidado para não embarcar na onda dessas pessoas, não faça observações jocosas nem diga alguma coisa de que vá se arrepender depois.

O ambiente de trabalho, por mais descontraído que seja, é ambiente de trabalho. Não escolhemos nossos colegas como selecionamos amigos.

Falar mal do chefe é praxe, é terapêutico, justifica falhas e alivia a culpa. Porém, muito cuidado para não ser você o autor daquela frase detonáutica que todos adoraram, que usam sempre. Quando o bicho pegar, os dedos apontarão para o autor. Procure não humilhar seus colegas, mesmo aqueles que são parceiros de brincadeiras. Uma hora ou outra, os limites se excederão e você pode magoar um grande amigo.

O DPP (detentor do pequeno poder) pode levar você à atitudes que não são suas.

Seria bacana que dentro do preceito humanista que rege a sociedade, que nos tratássemos à todos com respeito e dignidade que merecemos como cidadãos e pessoas de bem.
Não por medo da língua.

Tratar bem uma pessoa de caráter duvidoso por política social (leia-se: receio que a pessoa coloque seu nome em boca de Matildes, faça comentários desfavoráveis à seu respeito em rodinhas de conhecidos, lance uma dúvida sobre sua índole ou intensões e por aí vai.) não é bacana. É aflitivo. É deixar que a neura tome conta dos seus dias.

É preciso diplomacia? Sim, claro. Parcimônia também. Olhos bem abertos e ouvidos atentos são fundamentais. Observar é fundamental. Permanecer bem informado é essencial. Esses são os requisitos que, alidados à criatividade e arrojo, certamente levarão o inteligente emocional ao sucesso. Sem precisar lançar mão de métodos escusos.

Sucesso, harmonia, paz e sabedoria sempre.

Estamos na ponta do círculo. Logo logo o de cima cai, o de baixo sobe para depois cair outra vez... nada como poder olhar para trás tranquilamente. Em paz consigo. A paz em todas as suas formas é o verdadeiro segredo.

Namastê!


sábado, 7 de agosto de 2010

PELOS NOSSOS

Nossos sobrinhos tinham a mesma idade e iriam crescer juntos. Nós levaríamos nossos sobrinhos ao teatro, cinema, parques e festinhas enquanto não tivéssemos nossos próprios filhos. Havia tempo para isso, pelo menos mais uns 5 ou 6 anos.

Dividíamos a satisfação por cada declaração de amor das crianças. Era muito gostoso brincar de tios-quase-pais. Dava a sensação de uma maturidade que não tínhamos: precisávamos ser responsáveis e cuidar dos nossos preferidos como gente grande.

Era guttchi-guttchi levar pela mão um ser humano que estava aprendendo a falar.

Sábado à tarde. Cheiro de grama e xixi de cachorro no Ibirapuera. O vento trazia um queimado não se sabe de onde. Tinha sol e o céu era azuzim.

Eles cresceram, eu tive o meu, você o seu mas não tivemos os nossos. E o Ibirapuera continua sendo.

Tava imaginando se reconheceria seus sobrinhos. Tanto quanto desconheço os meus, soltos nessa Vila Madalena, questionando tudo e todos.

Por isso vim aqui.






terça-feira, 3 de agosto de 2010

PRÉ-PRO-RADIOATIVIDADE

Esses moços, pobres moços... ah! se soubessem o que eu sei! Não amavam, não passavam aquilo que eu já passei...
Antes que os "aurelianos" de plantão corrijam o português do título por conta das novas regras ortográficas da nossa tão incensada língua portuguesa, eu explico os hífens:

Sou de uma geração privilegiada. Acredito que já tive a oportunidade de partilhar dessa convicção neste espaço, inclusive.

Pois, então: esta minha geração é pró, foi pré, é ativa, radioativa e proativa (esses homens fantásticos e suas definições maravilhosas...). Os hífens fazem parte da interpretação de texto da minha geração. Travessões, exclamações, reticências, acentos agudos e circunflexos, traços e desenhos nos ajudam a compreender a comoção contida na frase. Líamos peças de teatro totalmente marcadas, livros acentuadíssimos e a cena praticamente se materializava diante dos nossos olhos.

Agora vem o século 21, a globalização, a necessidade de ajustarmos a comunicação com o mundo etecétera e talz... Confesso que fiquei confusa durante um período. No meio do campo, sem saber se chutava a bola pra direita, pra esquerda, pra fora ou pro gol. Foi quando decidi parar de sofrer por conta de irrelevâncias da vida. E na minha lista, na idade em que estou, a reforma ortográfica estava me fazendo sofrer porque adoro escrever e não quero errar, como todos nós, não quero ser julgada. Não queria. Agora pode. A reforma ortográfica ficou insofrível pra mim.

Estão explicados os hífens?

Agora ao que me trouxe à este post. Interessante é pensar que quando se passa a contar a vida de dez em dez anos, as conclusões são maravilhosas e extremamente revigorantes. Revigorantes, sim! A gente percebe que nada, absolutamente nada - exceto a saúde e as emoções que nos dão ou tiram a própria - é tão grave e puxado quanto parecia há dez, vinte ou trinta anos atrás.

Isso não é ótimo?

É fantástico! Se nessa época já vivemos mais do que vamos viver daqui pra frente, isso significa que antes se tínhamos a impressão do "sem fim" do tempo e experiências hoje medimos o tempo pela qualidade, merrmão!

Não é maravilhoso?

Se você tem menos de 30 anos, deve estar achando tudo isso um saco. Ou, para meu gáudio e contentamento, não. Se você tem menos de 30 anos, isso é apenas leitura. É bacana ler e lembrar láááá na frente.

Agora, se você é da turma de 62 - menos ou mais - né demais isso??!

Nós fomos testemunhas oculares de muito assunto de rodinha de boteco. A gente tava lá!

Há quem diga que nós, "entões", somos folclóricos e saudosistas, que o nosso tempo é que era bom, e blá, blá, blá. Eu até acho isso mesmo. Quem diz isso hoje é o saudosista de amanhã. Acho que faz parte da vida. Mas, se a tecnologia é a grande responsável por mudanças tão profundas no comportamento humano deste século, o que dizer de quem votou pela primeira vez aos 25? Quem só usou um computador lá pelos 30, 30 e poucos? Quem comprava discos de vinil pela capa pra depois descobrir o som imaginário cheio de "pops e clics"?

Olha, dá uma saudade da sensação de ter um All Star verde importado tão raro e difícil de conseguir naqueles dias... E o cheiro da papelaria quando recebia um lindo e novo papel de carta?

Talvez a diferença entre gerações esteja exatamente aí: a dificuldade de conseguir as coisas mensura o seu valor. Hoje tudo parece muito fácil. Não é mais preciso muita dedicação para ouvir uma música, montar uma compilação, produzir uma festa. Tudo tem aparência de nada, e nada pode ser o melhor que se consiga na vida real.

Quando mensuramos, quando damos valores às coisas, é quando definimos a importância que cada uma delas tem na nossa vida, no nosso meio, nosso trabalho, ofício e prazer.

No fundo, no raso, é como lidamos com todo o resto da nossa vida e como sempre tem sido desde o início dos tempos: a descoberta do bem quando este já se foi... "Esses moços..."

Por isso, ao preencher uma ficha de emprego ou carta de intensões, nós "entões" deveríamos pular qualquer assunto relacionado a "proativo" ou "proatividade". Fomos forjados nessa forma. O que conseguimos e conquistamos é fruto de atitudes proativas de uma vida toda. A criatividade era condição primeira para superar dificuldades e desafios. Nós crescemos assim. E ainda temos uma certa experiência de vida que não é de se desprezar, falaverdá...

Somos pré, pró e radioativos.

That's all, folks!


(sobe vinheta, fecha pano)