domingo, 27 de junho de 2010

DESENROLE O DESENCONTRO

Mary and Max: o blog de um só leitor (e vice-versa)

Sim, nós erramos. Todos erram. Uns feio, outros nem tanto. Alguns muito, muito feio.
O problema não é o erro em sí, mas carregar a responsabilidade, a culpa (definitivamente, não gosto dessa palavra) pelo engano. Mas, espera aí... "erro" ou "engano"? Qual a diferença entre os dois? Após googar os termos, surgiram tantas definições para esta ação humana que compará-las ficou bastante divertido. Segundo o oficialíssimo Michaelis:
Erro: 1. Ato de errar. 2. Equívoco. 3. Engano. 4. Inexatidão. 5. Uso impróprio e indevido.
Engano: 1. Ação ou efeito de enganar ou enganar-se. 2. Insídia. 3. Falácia, logro. 4. Falta de realidade no que se supõe certo.
Equívoco: 1. Que dá lugar a várias interpretações. 2. Duvidoso. 3. Que é objeto de suspeita, ambíguo. 4. Engano, erro ou lapso.
Parei a pesquisa por aí. Já estamos bem de definições. Eu, particularmente, prefiro "equívoco": mais chic, polida, importante, menos usada e com exemplos interessantes, inclusive com os outros termos embutidos.
Lendo, o ato nem parece desagradável. Já dizia um pensador inglês (ou não): "Definir é limitar". Nossos "erros" estão assim, definidos e limitados nos seus devidos lugares e alí deverão permanecer para que possamos nos recuperar de um ato involuntário, doravante denominado Sir "equívoco".
Se é involuntário, obviamente não é proposital. Se não é proposital, não houve intenção. Se não houve intenção... uátáfâck!! Por que a culpa?!
- (...)
- (...)
Quanta marola... As consequências são tantas que o motivo da culpa (já disse que não suporto essa palavra?) nem tem importância. O que ferve é o resto em volta. Res-to. E aí criamos monstros que nos assombram transformando o nada em alguma coisa.
Erramos, nos enganamos, nos equivocamos...
Um erro, pronto! Dois erros? Mais?! E o que é que tem? Se não forem na mesma editoria nem recorrentes, sinal que estamos aprendendo e sem medo de buscar, procurar, expor, pedir, doar, mostrar.
O importante é o reconhecimento. O (re)conhecimento se transforma em combustível para essa máquina cheia de botões, correias, roldanas e molas que é a nossa cachola.
Sim, eu sentaria com você num bar da Avenida Paulista para tomar uma coca-cola e ouvir sobre meus erros, aprender com os seus, (re)conhecer e melhorar como pessoa.
A mágoa não é um sentimento bom de se cultivar.
Aprender não é assim fácil como uma cantiga...
Eu te ensino a fazer renda, tu me ensina a não errar.
Não vivemos no Tibet.
Essa vida é um grande desencontro mesmo... tão longe dos problemas e tão perto das soluções... Amigos cheios de afeto do nosso lado e a gente não vê.
Vamos diminuir o peso dos nossos equívocos?
Topa dar mais leveza ao cotidiano?
Pegue o telefone, converse, ponha os pingos nos ís, desenrole o desencontro e transforme sua postura mantendo a mente quieta, a espinha ereta e o coração - na medida do possível com tanto vazamento de petróleo - tranquilo.
Asta.
Boa semana.

MOMENTO DE MEDITAÇÃO FOFINHO

M Ommmmmmmmmmmm....
(e livrai-nos do mal, amém)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

FANTA MARIA E PANDORA

Apopléticos brincando de deus, o deus que controla vidas, histórias resistentes de perseverantes - errantes.

Errantes que rezam e rezam e rezam buscando proteção e alento, abnegando-se e desistindo de ser para apenas sobreviver.

Num teste de resistência eterno, o senhor é você que olha e finge que não vê controlando à distância seus admiradores desafortunados.

E o que seria de seu poder sem os desafortunados? Sem os necessitados?

Onde estão os verdadeiros líderes que marcaram à ferro, fogo, suor, cerveja e serpentina uma geração inteira de batas, alpargatas rhoda, óculos de tartaruga, boca de sino, boca do lixo e golas rulê?

Onde estão aqueles livros? Aqueles filmes? Porque histórias estão sendo reescritas e refilmadas?

Era crível - e perfeitamente possível - um mundo melhor em 70; um mundo sintético em 80, um mundo eclético em 90. Fomos cevados e fertilizados com a fé no coração amanteigado, intelectualizado, moldado, acolchoado e decorado para receber iguais nesse conforto sentimental.

Nós que nos desconhecemos. Que soltamos as mãos nos perdendo uns dos outros, desfazendo a ciranda que mantinha nosso sorriso - como o peito - aberto para toda uma gente.

Nós que nos amávamos tanto e não terminamos essa história de amor.

Nós que vivemos dessas histórias mal acabadas e mal resolvidas como sonhos que podem ser retomados ainda nesta vida, somos obrigados a calar diante da diplomacia hipócrita necessária para a convivência e sustento financeiro.

Hoje, com mais vocabulário e vivência, conseguimos definir e até aceitar o pecado inconfessável escondido no interior do interior de nossos desejos.

É muito difícil humanizar a humanidade. Mais poderosa do que nunca! Tecnológica, cibernética, mapeada e chipada, controladora como uma Big Mother sem a mínima culpa.

Programas de TV tentando salvar a fé na espécie, mostram os solidários resgatando almas perdidas, desafortunadas, necessitadas.

Um campeonato mundial de futebol escancarando regimes político-sociais inumanos, pré jurássicos controlados pelos mesmos deuses ao nosso lado, pequenos deuses e seus pequenos poderes e enormes influências em nossas vidas.

Agora me veio à mente a peça "Quem Tem Medo de Itália Fausta com Os Filhos de Dulcina Ricardo Almeida e Mguel Magno que assisti num galpão no início dos anos 80. Fanta Maria e Pandora jogando panfletos para e na platéia. O teatro minúsculo. Dava para sentir o cheiro de pó compacto, da maquiagem e do papel. Foi a primeira vez que vi de perto homens vestidos de mulher fazendo teatro. Foi a primeira vez que me encantei com o teatro divertido, besta e inteligente.

Não sei porque a cena e os cheiros estão aqui.

Talvez eu saiba.

Talvez só acabe quando termine.
.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

GREY GARDENS ou Como a Arte Imita a Vida

À esquerda Jessica Lange e Drew Barrymore como Big Eddie e Little Edie (à direita, na vida real em 1975) no filme produzido pela HBO em 2009

O tempo era outro. A loucura era outra. A violência era de dentro para fora. A resistência à modernidade dos anos 70 consolidando histórias para todo o sempre, graças - mais uma vez - ao cinema e à disposição de jovens documentaristas. Um retrato desconfortável e ao mesmo tempo cativante da solidão. A história das Eddies não é ficção. É a mais pura e crua realidade. Uma realidade que os norte americanos não estão acostumados à exibir, sequer aceitar. Essa história da criação do mundo (sim, era um mundo delas, sem regras nem convenções, o que para os gringos foi um choque e tanto) só ganhou importância porque era em Grey Gardens que a pequena Jacqueline Kennedy Onassis passava as férias de verão. Imaginem uma mansão quatrocentona na Paulista, rodeada de muita grana e prédios nabanescos, infestada de ratos, gatos e seus respectivos dejetos, tendo como mantenedoras duas senhoras fora de sync.

Grey Gardens é isso. Em 1975, o documentário. Em 2009 o filme. Clap!Clap! Clap! para Jessica Lange. Clap! Clap! Clap! Em pé para Drew Barrymore interpretando uma mulher de quase 60 anos. Impressionante a história real. Impressionante as interpretações, a direção de arte e a adaptação do filme de 2009.

Sugestão: assista primeiro o documentário. É mais impactante.

This is it.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

ONONONONONO

Somos onomatopéicos. Impossível um de nós não contar uma história sem sonorizá-la. Somos brasileiros, criadores e mantenedores da melhor música do planeta. Só poderíamos ser onomatopéicos mesmo.

Isso vale um post mais caprichado, nénão?
I'll be back.
(as usual)