domingo, 29 de julho de 2012

PEDRO PAIXÃO

(copiado e colado de meu amigo Fernando Cardoso, sempre preciso ou coincidente com meus momentos, postando palavras, trechos de livros, filmes e textos próprios excelentes. Mas esse... esse me acarinhou, estranhamente. Obrigada, Fernando)

Minha Vida (do livro A Noiva Judia de Pedro Paixão)

Quase gosto da vida que tenho. Não foi fácil habituar-me a mim. Tive de me desfazer das coisas mais preciosas, entre elas de ti. Sim, meu amor, tive de escolher um caminho mais fácil. O dinheiro também tem a sua poesia. E tenho tido sorte. 
Deixei para trás a obrigação de mudar o mundo. Corrompi e fui corrompido. Ainda sinto dificuldades em mentir, mas também aqui vejo melhoras. Trata-se só de deformar ligeiramente o que vai acontecendo, não de inventar tudo de novo. Tenho alguns anos diante de mim e depois quero acabar de repente. Não sei se valeu a pena mas também não me pergunto se valeu a pena. Há coisas assim.
Não é desistir, é só não dar demasiada importância a coisas que não a têm. Esta vida é uma delas. Ganha em valor quando deixamos de a encarar como o centro de tudo. É só por acaso que gostamos das flores e do mar. Claro que é um bom acaso. Mas mais do que isso não.
Quase gosto da vida que tenho. Quando a quis toda não gostava de mim. Agora há dias em que aceito que o tempo passe por mim e me leve para onde só ele sabe. Não entendo como nunca houve uma religião que adorasse o tempo. Será possível imaginar algo de mais elementar e poderoso? Que com ele não se possa falar não me parece um defeito. Há coisas das quais, de qualquer modo, não se pode falar.

sábado, 28 de julho de 2012

YUSUF ISLAM

Cat Stevens embalou minha vida assim como tantos outros: no "momento instante". Interessante a época do ecletismo das rádios: suas ondas sempre irradiavam a canção certa, no momento certo. Nenhuma música me traz lembranças ruins. Emocionais, sim. Sempre. Algumas melancólicas, outras saudosas, outras ainda tão alegres que volto pra melancolia porque dentro do carro fechado não dá pra sair dançando. E se desse, talvez neste tempo eu não o faria. Um querido amigo compartilhou um link no FB com a frase de Nietszche: "Sem a música a vida seria um erro". É assim pra mim. É assim que deixo fluir e o som vem, o cantor, o grupo, a música, o momento. Um cheiro, uma imagem, um "alô" me traz uma canção.
Cat Stevens tinha o dom... é dele a trilha sonora de um dos filmes que mais me transportam aos 70's: "Harold and Maude" (Ensina-me a Viver), com Ruth Gordon.
E foi exatamente no final dos anos 70 que Cat Stevens converteu-se ao Islamismo e adotou o nome de Yusuf Islam. Chegou a abandonar a música para dedicar-se à filantropia e serviços humanitários. Voltou. Esse vídeo aí embaixo é de 2010. Pesquisem. Vale saber de sua história. De origem inglesa, foi impedido de entrar nos Estados Unidos da América no Governo George W. Bush na época em que a neurose coletiva tomava conta do país após os ataques de 11 de Setembro na clara demonstração de preconceito e horror à qualquer fato que lembrasse o Oriente Médio. Mais clara ainda a demonstração de ignorância de um governo desastroso, sob o comando de um presidente maculado por 'boatos" de fraudes eleitorais.
Mas ouçam a música. Assistam os filmes. Curtam Yusuf (Cat Stevens) Islam. Paz e harmonia. 

Wild World

A próxima ganhou até uma versão em português com Nara Leão.
Father and Son

A versão com Nara:
Pai e Filho

E, para finalizar, um...não dá pra dizer "clássico" quando o assunto é artistas como Yussuf - Stevens, mas uma de suas composições mais conhecidas:
Morning Has Broken




para saber mais (apesar de enciclopédia livre, o wikipedia tem páginas bem legais, essa é uma delas)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Yusuf_Islam

segunda-feira, 9 de julho de 2012

OS PRIMÓRDIOS DO SLOW MOTION e DA EQUIPE IDEAL

Foi na TV Gazeta de São Paulo que vi pela primeira vez esse equipamento. A década era 90, século XX. Aliás, nos corredores da TV Gazeta em São Paulo estão câmeras do início da TV, uma grande homenagem,    sorte dos alunos da Fundação Cásper Líbero que conseguirem perceber a importância de sí.
A forma de reprisar em slow motion (câmera lenta) um programa ao vivo era essa: 
na "sorte" ou no "feeling" (um chute a gol ou um ataque perigoso, por exemplo), acionávamos a traquitana, que gravava, decodificava (não me pergunte como) e exibia como se fosse um reprodutor de vídeo tape. Vou pedir ajuda ao grande Diretor de Imagens Américo Bittar, meu colega de tantas venturas e desventuras. Ele deve saber como funcionava isso. Era fascinante. Ainda é. Tudo ainda é fascinante.

De quebra, a estrutura ideal de uma televisão. Na gringa. 
Aqui nos adaptamos muito bem, mas a esmagadora maioria dos profissionais existe até hoje. Sofware nenhum substitui o operador. A tecnologia veio para facilitar-nós, criadores, conceber suas criações sem precisar pendurar uma câmera num guindaste. Sempre digo isso. Procurem. Quem é de TV sabe. Quantos desses profissionais a tecnologia extinguiu? 

CHROMA KEY e ILUMINAÇÃO

A Foco Filmes mandando muito bem, partilhando conhecimento. Há mais vídeos no youtube para quem gosta de Direção de Fotografia ou quer saber mais sobre iluminação para vídeo. Simples e básico. O início para a viagem das cores, sombras, janelas, raios solares, reflexos lunares e muito, muito mais. Direção de Fotografia é maravilhosa, mas tudo tem o seu começo, como diria Luiz Melodia e Zezé Motta: "é preciso aprender".


Procurem a parte 01 e 03. Simples assim.
www.focofilmes.com.br





domingo, 8 de julho de 2012

GRAVATAS E BRAVATAS

Ser, estar, permanecer equipe

Agradecer as oportunidades e honrá-las com o melhor de sí é requisito essencial para um trabalho pelo qual possamos nos orgulhar. Questiono por que meus planos mudam. Por que planejar não existe para mim. Por que vivo o que a vida me propõe e não digo não ao sim e digo sim ao não (caetaneada pura agora, heim?).
Porque sim, e pronto não está. Nunca estamos. É preciso decidir sempre e arcar com consequências ou colher os frutos da boa escolha. Pratico sim gratidão todos os dias. E às pessoas que o universo põe na minha frente, distraidamente, para que eu perceba com meus super poderes de humana comum a importância do momento. Somos todos assim. Ou não?  O melhor de tudo é a união. Seja de que banda for, união. Ninguém faz nada sozinho e juntos alcançaremos os projetos, os planos alterados e até os planejados. Amor.

terça-feira, 3 de julho de 2012

ANALÓGICOS E DIGITAIS

Teatro é teatro. É e pronto. Já pisei em palcos algumas vezes e a visão que se tem do lado de lá é indescritível.  Atores e atrizes de verdade sabem. Eu, por exemplo, estou prestes - há alguns anos, já -  à me matricular numa escola de teatro por amor. Sei das minhas limitações e apesar de reconhecer que sempre é e há tempo de recomeçar, não é o caso. É paixão por tudo o que se refere a arte. É como seguir uma religião que traz um pouco de tudo, de todas, dos mistérios e da ciência. Sei que vou viver menos do que vivi até aqui, assim aposto na intensidade do tempo - longo espero - que resta. Fico triste com notícias dos que se vão, e há tantos ultimamente. Em todas as áreas. Fico mais triste ainda  em perceber que tantos que participaram da construção da história da arte dita popular ou de massa neste país, estão esquecidos.

Alguns poucos heróis tentam resgatar a história da TV, que no seu início abria as portas para todos e que hoje são grandes nomes atrás e na frente das câmeras. Mas há um sem número, um sem fim de participantes reclusos por um motivo ou outro - e desconfio o que seja porque já desisti de fazer televisão umas 5 ou 6 vezes e acabo voltando porque é minha vocação. Onde estão e o que fazem as pessoas que habitaram algum dia o inconsciente dos telespectadores? Que guerra é essa por audiência e contratos onde talentos são esquecidos? Que decisão é essa de novos e sempre novos atores? O Brasil já não é um país jovem e vem envelhecendo ano a ano. Mas ainda há mais jovens hoje do que quarentões. A troca de idéias sobre o que já aconteceu é difícil. Sempre o interlocutor mais vivido acaba dando aulas e contanto histórias, o chato, o desagradável. Difícil, mas divertido. Quando esse povo se encontra, gargalhadas na certa. Analógicos num mundo digital, são muito mais engraçados. Penso que viver de arte no Brasil é tão difícil que não entendo a desunião de quem a faz. Quem é de cinema, é de cinema. Quem é de teatro, é de teatro, quem é de telas e tintas, é de galerias.  Raríssimas exceções dos que estão acima do bem e do mal. Não falo dos artistas de rua, nem dos que desprezam a mídia. Falo da mídia, sim. De quem ela não vê e consequentemente, o artista passa a "não existir"  para o povo de seu país; apenas nos nichos que os acolhem, respeitam e assim vivem entre sí sem a partilha do belo, do novo, do pensamento..., Reconhecer e misturar, conversar sobre o país, sobre seus rumos, sobre nossas produções, nossos quereres na certeza de que ainda podemos. Nos recluímos como se o tempo passado também o tivesse . Por opção, ok. Jamais por falta dela.

A educação em peso estava em greve no país e quase nenhum canal falou sobre. E se falou, foi sem destaque. Hoje milhares de professores estão repondo aulas aos sábados. É disso o que precisamos? Ta afim de saber a verdadeira verdade?
Essa coisa de "artista", viver dela e nela nos conquista para todo o sempre. Somos todos artistas, eu creio nisso. Mas em TV acontece o peculiar. Basta um crachá escrito "imprensa" para que em qualquer setor o colaborador sinta-se o próprio anything.. Alguns lembrarão do Bozó (salve Chico Anysio!). É cultura de massa? Que seja! É a mesma cultura de massa que volta a produzir obras primas com fotografia e texto impecáveis, como em Gabriela. Sempre haverão críticas e sempre é tempo de reagir. Tempo de usar a internet, os canais web, as facilidades para fazer acontecer o que se acredita. Hoje em dia há essa chance. Muita arte e cultura sendo feita e não divulgada. Há pesquisas que afirmam que o brasileiro está preferindo a iternet à televisão. Que assim seja e que democratizemos a arte socializando a informação.

Há  poderosos, "chiques"  e os business men por trás, ao lado, na frente de tudo. Somos poucos e talvez fortes. E desunidos... Nesse palco que é a vida, onde bancos, banqueiros, periguetes, lojistas, motoristas e secretárias de dentistas vivem interpretando, sonhando com uma vida com poucas possibilidades de acontecer, imaginando ser alguém que não são; temos muito o que fazer. Juntos.

Onde estão vocês? Quais os papéis que interpretam no palco da vida?
Onde estão vocês outros, que já foram sucesso e arrebentavam quarteirões e sequer podiam sair nas ruas? Quem é que está atrapalhando seus talentos? Quem os decepcionou? Quem os fez desistir?

Não podemos. Vamos articular nesse pequeno quadrado que estão usando pra ler, e mostrar o que sabemos sobre viver, interpretar, cantar, criar, contar. Nossas histórias. Suas histórias.

Pessoa dos anso 70, 80.,90... você é jovem! Jovem de alma e conteúdo. Vamos partihar, educar como podemos os teleguiados;  enfrentar o Golias.

Não acredito estar solitária nessa batalha de recuperar nossa história, de não ter feito tudo o que poderia ser feito. "Tudo o que você podia ser, sem medo". Fui deixando. Não quero mais. Atores do palco da vida e suas reviravoltas, uni-vos!.

Nós somos muitos, não somos fracos.

Com todo o meu respeito e admiração.