domingo, 26 de setembro de 2010

Da série: ÉRAMOS MUITOS

Kate Bush embalou muitos dos meus sonhos...
...e alguns dos meus romances. Depois de "grande" o que me chama a atenção é o quão performática e divertida ela é. Todos os seus clipes são carregados de energia e bom humor. Até quando o assunto é forte como a guerra, ela está lá, piscando os olhos como quem carrega uma arma e a gente não sabe se rí ou se pensa. Humor  e performance inteligente, regrada, estudada e corajosa. Afinal, era a década de 80 chegando... Kate Bush me lembra Nina Hagen, cantora definida como punk alemã em plena era new wave. Kate é inglesa. fala e se expressa com a pompa do sotaque anglicano, corajosa nos palcos e aparentemente discreta fora deles, manteve os cabelos longos durante décadas. Já Nina Hagen escancarava tudo de uma vez. Mudava o corte de cabelo na mesma proporção e intensidade das cores que os pintava. Não pedia licença, metia o pé na porta. Kate, assim como Nina, tinha olhos e boca enormes que se arregalavam e contorciam de sol a som. Nina era cantora lírica e Kate também. Kate era um alívio. Nina, uma perturbação.

Conheci Kate Bush no final dos anos 70 com "Wuthering Highs", amor à primeira audição, um encantamento que dura até hoje. Nina Hagen entrou pro clube no início dos 80, com uma música bizarra que tocava direto nas casas noturnas da cidade dançante e intelecutual dos anos 80.  "Cosma Shiva" era uma canção estranha e o som de um bebê mixado não deixava que tudo escambasse para o terror. Até descobrirmos que "Cosma Shiva" era o nome de sua filha recém-nascida, o bebê presente na canção que viria a se tornar uma modelo muito famosa neste século. Procurei no youtube, mas  não achei o original. No entanto, o clipe logo abaixo serve não só pra apresentar a canção como a própria Cosma Shiva modelando.
Kate Bush era romance e fantasia. Nina Hagen, balada pesada.
Anyway, this is my past. And I love it.

Nina Hagen e Cosma Shiva Hagen


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

PALHAÇO VOTA EM PALHAÇO

O que mais me assusta na atual fase da mídia brasileira nem é tanto a escatológica palhaçada sanguinolenta das manchetes de notícias escolhidas à dedo do meio. O que é aterrorizante é o prazer com que os "jornalistas" atuais detalham a agonia das vítimas indefezas ou a crueza do assassino ao torcer a faca quatro vezes de cada lado para certificar-se de que vai jorrar sangue suficiente para todas os jornais.

Hoje li na primeira página do Terra: "Universitária morre esfaqueada em cima de bicicleta em SP". Logo pensei na USP, nas minhas sobrinhas, nas amigas delas e conhecidas. Abri o link. Aconteceu em Ribeirão Preto; a universitária tinha 24 anos, cursava educação física e voltava de um estágio para a casa quando foi fechada por uma moto. Agora, a riqueza dos detalhes que semeiam angústia, dor, pânico e sofrimento mesmo em quem não conhece a vítima. Prontos? Vamos lá:

A lâmina da faca, de quase 20 centímetros, ficou encravada da universitária. A jovem, que retornava de um estágio, ainda tentou pedalar, mas caiu. Ela foi socorrida a um hospital no bairro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O acusado fugiu sem ser identificado. A placa da moto não foi visualizada porque estaria dobrada.

Não consigo suportar a imagem da garota assustada "tentando pedalar" e "caindo" com uma "faca de 20 centímetros encravada no pescoço".  Não alcanço o entendimento necessário que justifique a tamanha falta de responsabilidade de quem reporta notícias como esta, de quem aprova conteúdos como estes, de quem vibra com pontos e acessos alcançados com esse tipo de deserviço, muito menos quem compra e vende esse tipo de espaço e audiência.

Desculpem, mas não aguentei. Tive que dividir. Isso não vai acabar nunca.
Cazuza pediu: "Brasil, mostra a tua cara!". O PT atendeu.
Não há nem haverá política decente para acarinhar esse país que amo tanto. Ele, e seu povo, continuará terreno fértil para os 300 picaretas que o Luiz Inácio falou. São 300 picaretas patrocinados e incentivados.´
A mídia é o espelho da educação de um país. Se estamos assistindo um circo dos horrores na TV, lendo manchetes sangrentas até na internet e sujando as mãos com o sangue das revistas semanais e jornais diários, é porque não temos educação.
E a falta de educação e cultura faz a gente pensar que é melhor rir de tudo.
Por isso palhaço vota em palhaço.
Essa palhaçada não vai acabar. Acho que nunca.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

60 ANOS DA TV NO BRASIL


Na torcida para que na 3a. idade a televisão brasileira tenha um tratamento preferencial

(to be continued...)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

(em contra partida...) BEGUIN THE BEGUINE


Voltei a tocar violão!
É um instrumento que toco bem. Muito bem. Voltei não só a tocar, como a estudar. Estou sofejando como antes, aprendendo partituras e tablaturas e tocando as canções que gosto de uma maneira muito gostosa.
Assim que me sentir confiante de não dar vexame, organizarei um sarau cultural aqui em casa. Não é bacana? Cada um traz a sua arte, a gente vê, assiste, aplaude, conversa, se sente produtivo e inteligente.

Tudo por causa do meu violão... Amo.

CHEGA. CANSEI.



Nada como contar a vida em décadas pra ter cada vez mais certezas. É o que o povo chama de "amostragem", ou "repetição", ou equação de segundo grau (lembram do "x da questão?").

Tenho aprendido muito, muito mesmo. Muito do que já havia antes que eu tivesse capacidade de perceber. Como diz o título, chega. Cansei de verdade. Não vou explicar muita coisa, não... Confesso que comecei este post botando a boca no trombone. Achei melhor apagar. Tem gente que veste a carapuça que nem é sua, imagina encontrar a própia exposta aqui. É.

Cansei de aprender e não usar.
Gente que não diz o que pensa nem pra quem gostaria de dizer. Gente que deixa outra gente passar pela sua estrada, mesmo sabendo que aquela significa o que quer. Gente sem coragem que fica escondendo gostos em livros, frases, histórias alheias, filmes e exercícios infindáveis, não admitindo que sobre tempo para pensar. Gente que se parar para pensar, se desconstrói. Então não pára nem pensa.
Quero exercer minha melhor humanidade enquanto se constrói. Discutir, trocar, filosofar. Alguém quer abrir um grupo de conversas? To dentro.

Quero partilhar.
Quero acabar com as saudades que tem me visitado frequentemente. Todas as saudades. Quero voltar e conversar e abraçar. Como sou agora, não como era antes. Morar em outro país, deixar tudo pra trás e quase recomeçar alguma coisa. Deixar pra trás, não. Deixar em seu lugar. Seu devido lugar no meu tempo.

As amarras aos poucos vão afrouxando, se soltando... a vida tem se tornado possível.
 Planos se concretizando.
Eu que achei que tudo havia se perdido, começo a recontar meus contos.
Cabeça inchada.
Whatever, who cares?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

AGUINALDO SILVA E ROQUE SANTEIRO

Estadão.com.br/blogs
por Cristina Padiglione

seção: Biscoito fino
29.agosto.2010 13:39:51

(trechos)
O que mais o surpreendeu na época em relação à receptividade da audiência?
Chegamos a dar 98 pontos de audiência, um fenômeno que NUNCA será igualado. Mas se você quer saber, quando eu li os 40 capítulos já escritos, achei aquilo tudo uma grande bobagem. Mesmo assim aceitei a tarefa de levar a novela adiante… E logo vi que meu julgamento inicial estava errado.

Era mais fácil ou mais difícil escrever novela em 1985?
Era mais difícil do ponto de vista “físico”: trabalhávamos com máquina de escrever manual, não havia internet, os telefones não eram grande coisa… Usávamos um leva-e-traz, um mensageiro! Mas era mais fácil do ponto de vista das pressões; a novela era considerada um produto, digamos assim, mais “artístico”, os autores tinham mais liberdade -embora houvesse, como há hoje, censura -, enfim, a própria televisão era menos uma fábrica de pizzas e mais preocupada com a qualidade, o que nos beneficiava a todos. Hoje em dia escrever uma novela é comparável ao ato de botar um Airbus 787 no ar: quase impossível!

O fato de “Roque” ter sido censurada 10 anos antes provocou alguma alteração na sinopse da novela feita em 1985? Que cuidados ou disfarces foram realizados para não desagradar setores remanescentes da censura naquela época?
Quando a novela caiu nas minhas mãos, e eu percebi que tinha toda liberdade, resolvi que ela seria uma altíssima comédia. A parte política, tão importante nos escritos do Dias Gomes, continuou lá, mas menos panfletária e menos evidente. A novela era muito engraçada, acho que até os censores morriam de rir lendo os capítulos, e assim as coisas foram passando e, quando se viu, por conta do enorme sucesso, já era impossível censurá-la. Nos 30 capítulos finais Dias voltou às origens e a novela ficou mais “densa”, menos engraçada.

Houve consenso entre você, Dias Gomes e Paulo Ubiratan (diretor-geral da novela) sobre o final escolhido para Porcina? Ou a escolha foi apenas do Dias Gomes?
A escolha foi apenas do Dias Gomes. Eu não podia opinar porque estava fora. Mas o Paulo Ubiratan me disse que tinha odiado aquele final ostensivamente copiado de “Casablanca”. Mesmo assim ele o dirigiu de tal modo que ficou inesquecível.

Voltando à questão de novela reeditada por mãos alheias, soube que você também não participou da reedição de “Senhora do Destino” para o “Vale a Pena ver de Novo”. Vocês, autores, sabem ou conhecem o profissional (ou profissinais) que realiza(m) este trabalho? Já se manifestaram contra ou a favor de participar dele?
Veja bem, eu sempre digo isso e meus colegas me olham atravessado… Mas a novela é do produtor, é de quem bota lá o dinheiro necessário para produzi-la. O autor é pago apenas para escrever. Lembro o exemplo de Hollywood: quando o filme recebe o Oscar, quem vai receber o prêmio não é o diretor, nem o roteirista, é o produtor. No caso da novela, e isso consta dos nossos contratos, uma vez pronto, o texto pertence à emissora, e esta pode fazer o que quiser com ele, inclusive guardá-lo numa gaveta e esquecê-lo. “Senhora do Destino” quebrou o recorde de audiência do “Vale a Pena Ver de Novo”, mas o horário era outro, e para passar nele a novela tinha que ser reeditada. Este é um trabalho de um especialista, o editor, e ao roteirista não cabe dar pitacos. Eu jamais faria isso, pois sei que a reedição do meu trabalho estará em boas mãos. Quanto aos outros autores, já não sei.



Em tempo: o DVD de Roque Santeiro traz, como extra, os dois finais gravados para a novela, algo inédito para a época: Porcina partindo no aviãozinho, com Roque, e ficando em Asa Branca, Com Sinhozinho. Mais Casablanca, impossível, e a referência é explícita, quase um tributo ao filme, com direito até a uma sonora de “As Time Goes By”, a trilha do longa com Humprhey Bogart. Com 16 discos, a caixa de Roque agora lançada pela Globo Marcas custa R$ 250,00