quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

PRA QUEM NÃO GOSTA DE NATAL

Um dia acreditei que poderia fazer a "corrente do bem".
Alguma coisa me engoliu e depois que fui devidamente digerida e devolvida pra natureza, estou reciclada, capim, renascendo como praga entre uma dentada e outra.
Boa pra reavaliar algumas verdades assimiladas, e uma das verdades mais simpáticas ficou sendo: "o Natal é das crianças".
E é mesmo. Adorava o Natal quando era criança, adorava o Natal quando os meus sobrinhos eram crianças, adorava o Natal quando minha filha era criança. Aí foram todas crescendo em sua respectiva década e o aniversário do Cara foi ficando cada vez menos atraente. As luzes lá fora que antes eram o pó mágico da Sininho, a cada ano vivido e centímetro crescido, transformavam-se em "compre! compre! compre!", decolores.
Aí não dá.
Vai perdendo a graça. Calma, que pior é perder a alegria.

Por quê não dá? Porque tem coisas exclusivas do Natal que faz a gente bodear logo no início do mês.

O coitado do pérú, por exemplo. Só existe no Natal. Durante todo o ano ninguém lembra do perú. Mas ele é o rei do Natal, sucesso de vendas, o preferido de 9 entre 10 ceias, todo recheadão, imponente no centro da mesa.

Outra coisa é a empreitada para recolher mantimentos, produtos de higiene ebrinquedos para os menos favorecidos, como se eles só comecem, tomassem banho ou escovassem os dentes só no Natal! Isso tinha que acontecer todos os dias! Durante todo o ano!
E a epidemia de caixas de sapato forradas de papel de presente com um rasgo no meio onde logo abaixo pode-se ler claramente: "Caixinha de Natal obrigado"?
Como assim, "caixinha de natal obrigado"??
É preciso mais que um décimo-terceiro de um trabalhador para "honrar" todas as caixinhas dos prestadores de serviço que recebem salário durante o ano exatamente para prestar serviço.
Dá até pra acreditar que não é um país de vencedores. Sim, porque se você batalha pra subir na vida, é taxado de todos os lados e formas. E aí vira perdedor, ou contraventor, ou sonegador, ou desertor. Cadê o estímulo pra andar na linha? Ah, falaverdá...
A cada ano também tem uma daquelas novidades desanimadoras como o aquecimento global ou aumento dos impostos já absurdos. E as TVs parecem fazer as retrospectivas do ano para suicidas. Pra que ver tanta tragédia de novo? E - pior - tudo de uma vez?! Viu? Tudo o que você desejou não aconteceu, bobão. Vai deixar de desejar por causa disso? Nããão, claro que não!

É assim, gente! Não tem jeito! Tem sido assim há anos, e a tendência é aquela que todo o mundo no mínimo já leu em alguma revista: o planeta resite, mas a humanidade, who knows? O homem já tem natureza predadora, mandão, orgulhoso... Já era assim na pedra lascada. Agora que conta em cifras, nem dá pra comentar.

E o que é que a gente vai fazer sobre isso? Comprar uma caixa blaster de kleenex, sentar na frente da TV derramando cântaros de tristeza e agonia?

Acho que não. Por favor, não. Porque sua energia unida à outras na mesma sintonia, cria uma onda que pode influenciar mais pessoas a entristecer, a se angustiar. Como o contrário também vale, a gente que não curte mais tanto o Natal assim, bem que podia se ajudar, né?

Vibrar positivamente e atrair uma onda boa, leve, otimista... como uma paixão faz com a gente. O mundo pode estar acabando, mas se estamos apaixonados, tudo é cor e alegria.

Vamos nos namorar um pouco. É difícil, mas desde que ouvi esse conselho, tenho tentado e tem minimizado efeitos que poderiam ser desastrosos.

Vamos, lá: é Natal, que saco. Quanta correria, quanto presente, quantos pedidos, quanta gente, quanta tragédia, quanta agitação, quanto compromisso! Aaarrhhg! Mas, passa! Há de passar, e o que fica na gente é a consequência de ter "apanhado" bastante durante este mês.

Não quero mais entristecer no Natal. Quero ter o controle dessa sensação, quero festejar como festejamos no meio do ano um aniversário de amigo, uma confraternização.

Não quero mais aceitar essa chatice.

Não quero mais bombardeio de notícias ruins e trágicas. As notícias falam do problema e nunca destacam a solução. É pra gente pensar que não tem solução?

Sem hipocrisia, mas cheia de boas intensões (não me venha falar de inferno!), vamos tentar mudar esse clima, vá... Eu topo!


Feliz Natal.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

SORRY, SIR (Elton John)

Hoje eu nem ia passar por aqui. Como todos os dias, enquanto trabalho um pouco, me divirto um pouco e reorganizo as idéias, abri o youtube para ver e ouvir canções que me esperam todas as noites. O eleito de hoje foi Elton John.

Abri uma página inteira de canções e escolhi uma que marcou a minha infância: "Goodbye Yellow Brick Road". A participação dos Muppets deixava tudo ainda mais nostálgico e gostoso de curtir. Foi quando comecei a ler os comentários abaixo do vídeo e fiquei de cara. Brincadeiras ou não, o palavreado desenfreado e preconceituoso me fez retirar o vídeo que havia postado na primeira página do orkut, como faço todas as semanas. Fiquei constrangida. Muito. Chocada, pra falar a verdade, com a capacidade criativa do mal daquelas pessoas. Eu nem leria o resto se a primeira postagem não fosse algo do tipo: "eu gosto da música, mas não aceito sua orientação sexual. Se ele não fosse gay, seria perfeito". O comentário seguinte foi mais corroído, indizível. Me nego a postar aqui. Horrível. Outro vídeo, mais comentários jocosos. Não há vídeos de Elton John no youtube sem comentários baixo nível, rancorosos, assinados por desorientados sexuais cuja intolerância amedronta.

Quando eu ouvia "Goodbye Yellow Brick Road" nos radinhos de pilha e nos moderníssimos 3 em 1, aos onze ou doze anos, não se falava em orientação sexual, não significava nada, não era nada além da canção, do encantamento.

Não pude deixar de vir e registrar minha perplexidade para com aquilo que hoje parece ser a coisa mais natural do mundo: a ofensa.

Cortou meu barato.

Eis o link. Nós merecemos.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O CONJUNTO DA OBRA

Não é a idade que nos rouba o ímpeto e o arrojo da juventude.
É a impunidade.

O sonho dos vinte anos só morre aos quarenta porque aos "enta" já se apanhou demais de uma sociedade teimosa, moldada em velhos conceitos, persistente e broxante. Aí só nos resta lembrar do que foi, porque o que foi, era esperança do que deveria ter sido.

E ouvimos músicas do "nosso tempo", vídeos de propaganda e brinquedos da "nossa época", adoramos a Benedito Calixto e a Feirinha do Bixiga, passeando entre objetos que um dia manuseamos, lembrando de tempos quando éramos sonhadores ou "felizes sem saber", como preferem alguns. Eu não. Eu sempre soube que era feliz aos 12, 13, 17, 20. Tinha dúvidas e angústias, claro! Me perdia, mas me achava.

A coisa começou a mudar aos 24, com as primeiras constatações de impunidade, os primeiros testemunhos de injustiça. Quando a gente levanta o rosto pra lutar pelo considerado certo, e levamos um tapa estatelante e inesquecível, que nos obriga a baixar a cabeça, engolir o choro e sair de cena. Quando percebemos que o que era certo, não é mais. Quando passamos a precisar mais do que doar.

Não é tão ruim. É diferente. Tudo fica diferente e homeopaticamente, a alegria vai se perdendo, milimetricamente um tiquinho à cada década, pra entrarmos em crise aos 40. Levante o mouse quem não teve a crise dos "enta"!

Tem mais nisso tudo, eu sei. Aliás, uma das piores coisas adquiridas com o tempo é a ponderação. Como é chato ponderar! Como é desgastante pensar em todas as possibilidades antes de uma conclusão! Aos "inte", sim é sim, não é não, e talvez nem existia. Mais prático, direto, objetivo.

Mas aí você poderia estar cometendo uma injustiça!

Será mesmo? Será que o universo não nos avisa através dos sentidos e sinais o que devemos fazer? Será que temos mesmo que suportar o que não faz bem por temer o erro? Será que temos o direito de cometermos injustiça conosco por receio de errar com o outro?
Affe... está provado que só é possível filosofar em alemão.

Longe de mim tanta resposta, tanto questionamento. Só estou pensando como seria bacana facilitar um pouco as coisas aqui pra nós, humanos mortais e imperfeitos, não carregando culpa alheia e sendo honestos com nossos sentimentos, por mais "politicamente incorretos" que possam parecer.

Penso que se não prejudicarmos, não desejarmos e não praticarmos o mal, podemos sim, nos permitir a leveza de aceitar o que sentimos, sem patrulhamento nem vigília.

Quantas vezes virei as costas para meus sentidos...

Contra tantas injustiças batalhei em vão... (ou quase)

Quanto o que perseverei..

Tão difícil - ou mais - quanto perseverar, é testemunhar o injusto. Saber parte de verdades que a ética corporativa não permite partilhar, na eterna espera que o "outro lado" perceba os acontecimentos e realize que não são impressões nem "achismos", mas fatos, ciência exata, realidade. É inglório.

Quando falo em "ética corporativa" quero dizer no sentido de "grupo humano", a corporação humana, não uma empresa. Se bem que também é perfeitamente adequado enquanto organização.

Somos os mesmos de sempre, queridos... Só mais "calejados". Portanto, vamos pra frente, mas sem esquecer de olhar pra trás, que o caminho que trilhamos começou lááááá por lá...

Somos leves, sempre fomos! Deixa que digam, que pensem, que falem! Continuamos leves.

Viva.
(by the way, adoro Faróis)

sábado, 5 de dezembro de 2009

NÃO SOU ALEGRE NEM SOU TRISTE. SOU POETA

Raimundo Fagner musicou alguns poemas de Cecília Meireles

e fez com que muita gente entrasse em contato com sua obra pela primeira vez. Acho bacana. Seria muito mais ainda nos dias de hoje, quando a leitura e o conhecimento são condenados à cada download de jogo ou mudança de perfil em sites de relacionamentos. Arranjo belíssimo, inspirador.

Curtam "Motivos"

Até!

AMAR, AMOR, FINAIS DE ANO E CECÍLIA

Nem tudo é fácil
(Cecília Meirelles)

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão?
Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir?
Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida.
Mas com certeza nada é impossível...
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos,

REALIDADE !!!