sábado, 7 de agosto de 2010

PELOS NOSSOS

Nossos sobrinhos tinham a mesma idade e iriam crescer juntos. Nós levaríamos nossos sobrinhos ao teatro, cinema, parques e festinhas enquanto não tivéssemos nossos próprios filhos. Havia tempo para isso, pelo menos mais uns 5 ou 6 anos.

Dividíamos a satisfação por cada declaração de amor das crianças. Era muito gostoso brincar de tios-quase-pais. Dava a sensação de uma maturidade que não tínhamos: precisávamos ser responsáveis e cuidar dos nossos preferidos como gente grande.

Era guttchi-guttchi levar pela mão um ser humano que estava aprendendo a falar.

Sábado à tarde. Cheiro de grama e xixi de cachorro no Ibirapuera. O vento trazia um queimado não se sabe de onde. Tinha sol e o céu era azuzim.

Eles cresceram, eu tive o meu, você o seu mas não tivemos os nossos. E o Ibirapuera continua sendo.

Tava imaginando se reconheceria seus sobrinhos. Tanto quanto desconheço os meus, soltos nessa Vila Madalena, questionando tudo e todos.

Por isso vim aqui.






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