segunda-feira, 11 de junho de 2012

O PROGRAMA DE TELEVISÃO

Publicado pela EDUSP em 1978, na época já era um livro raro. 

Indicado por um professor (sorry, Sir, I don't remember you), foi por mim devorado em poucos dias e consultado durante anos. Hoje é pesquisa e história diante da translouca alucinada evolução tecnológica. Aprendi a fazer televisão assim. Na lida, quando estagiava na TV Cultura com 17 anos; no primeiro semestre de Comunicação Social na FAAP e com este livro. É muito interessante perceber que o contexto não mudou significativamente. Falo de conteúdo. Ou melhor, da forma de conceber o conteúdo; porque conteúdo nos dias de hoje nem é mais discutível. É quase unânime. A falta de afeição pelos programas exibidos na TV aberta é diretamente proporcional à péssima qualidade da programação. Até a majestosa Rede Globo dá seus escorregões, ao mesmo tempo que produz peças incríveis. Está uma TV plural, coerente na capa e tratamento de seus produtos com relação à qualidade, mas tem programa pra todos os gostos.
Penso que "a forma de conceber conteúdo" não mudou por razões que aliviam o constrangimento atual de quem trabalha na área, como o fato de os profissionais - a despeito de toda tecnologia - serem criativos; de autores arrojados; Diretores com sede de assinar bons projetos. E leis. Leis que podem mudar tudo. Como ensina o professor de Direito no filme "O Leitor", mais ou menos assim: achamos que vivemos e somos guiados pela moralidade. Não é verdade. Somos guiados por leis. O que era errado antes pode não ser mais hoje, simplesmente porque está na lei. Trocando em miúdos brasileiros, guardando as devidas proporções e entendimentos, é o que diz Raul: Faz o que tu queres porque é tudo da lei.
Pois, então, vejam o questionamento dos autores Edward Stasheff, Rudy Bretz, John Gartley e Lynn Gartley.  Traduzido e prefaciado por Luiz Antonio Monteiro Simões de Carvalho. Olhem e leiam essa página. Reli hoje. Adorei. Faz pensar que há  fresnéis, softs e contras no túnel, em sua extensão. 

Ano: 1978
TV: Uma Arte Tecnológica

Luiz Antonio, ainda no Prefácio do livro: Aquele que alguma vez já esteve dentro de um estúdio deve ter sentido o impacto dos múltiplos interesses a atender, dos muitos desafios a responder. A comunicação verbal, a ação dramática, a fotografia,  o filme e a arte cênica integram simultaneamente o processo. Através da luz, do som e do movimento, estas formas assumem reralismo e simbolismo, com maior ou menor intensidade, conjugam-se no grande mosaico da televisão. É preciso re-conhecê-los. É necessário re-ver e re-pensar a TV. Uma abordagem firme de princípios este livro traz. O resto depende de você.

Assim era o início da decupagem de um script.

Resumo da Ópera: fazer TV não é fácil como parece. Não é simples como parece. Fazer TV de verdade requer muito conhecimento, estudo, prática e entendimento da sua história. A questão é: who cares? Para quem é feita a TV de hoje? O que é a TV de hoje? O público que não questiona, aceita. Critica, sim. Participa, sim. Cansei de atender telefonemas de telespectadores nas redações por onde passei arrogantes, como se fossem sócios (leia-se: "vocês precisam da minha audiência, então vou falar o que quiser!"). Jorravam críticas e palavras de baixo calão. Quando trouxemos o pessoal do Casseta e Planeta no lançamento de seu primeiro bolachão de vinil (se não engano primeiro e último), com o Bussunda extra-cabeludo cantando "mãe é mãe, paca é paca. Mulher é tudo vaca", houve uma revolução moralista telefônica na produção. Incrível. Mas isso é outra história.  Enquanto a educação não mudar neste país tudo será... simples assim.




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