quarta-feira, 9 de maio de 2012

TEMPO: PRECISAMOS DE IRMÃOS

O tempo fica parado, é nóis que avua nele. É como a cachoeira:
 a pedra fica, a água vai
(fragmento de uma canção de André Abujamra)

Ele é o Senhor, sim, Senhor. Da razão, da cura, da calma, do que fomos, do que pretendíamos ser, do que pensamos ser, de como gostaríamos que pensássemos que somos. Mesmo parado, ele muda as coisas. O que antes era prioridade, passa a ser estatística. O que antes era humano, passa a ser matemático. São departamentos, sinais? Dos tempos, claro. Quando vêm mais de um, juntos avuamos mais depressa. Não foi a humanidade que se perdeu, o humanitário é quem agoniza porque passamos por um tempo onde há a  possibilidade de criarmos novas realidades, exposições e socializar fantasias. Frases que nos lembram sobre o que é ser humano com outro humanos são replicadas aos montes em sites de relacionamentos. A carência está enorme, na mesma proporção da distância entre uns e outros. 
A desistência do ser humano é geral.
Nunca vi tantas campanhas em prol dos animais, todos eles e principalmente os de quê? Estimação. ESTIMA. ESTIMAÇÃO. Onde está a estima nesse tempo? O respeito? Nos olhos daqueles que nos olham sem entender o que somos e nos amam mesmo assim. Pensamos que amam. Demonstram que amam. Acreditamos.
Os que se recusam a se enganar, são amargos. Os descrentes, pessimistas. Os desesperados, convertidos. Continuamos a ser rotulados enquanto passamos pelo tempo, só não nos aproximamos. Só não nos ouvimos. Não nos damos uma chance.
Ah... quanta vontade de que alguém ou alguma coisa caia do céu, de um prédio, da sacada e resolva os problemas desses tempos! Dinheiro, um príncipe, uma toalha bordada à mão, um bilhete premiado.
Caetano perguntou, ainda sobre o tempo, lá nos anos 80:

Será que será que será que será, será que esta minha estúpida retórica terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?

Não sei mensurar "zil", mas algo me leva à crer que é bastante tempo. Creio que sim, Mano Caetano. Mano? Até Caetano já senti mais meu irmão. Como diz a canção dos Mutantes: "Precisamos de Irmãos". Precisamos de irmãos porque passamos pelo tempo enquanto os homens exercem seus podres poderes. E quando um em um milhão vence honestamente, nos parece possível que aconteça mais vezes.

Tanta gente boa avuou no tempo rápido demais... Temos todo o tempo do mundo? Temos nosso próprio tempo? 
Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas. Ou um E.T. pra phone home; pra vir pra mim. 
E que vá comigo em si. E me leve pelo tempo, leve, leve, leve....


0 comentários:

Postar um comentário