quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Despertar do Desperdício

O mundo é uma bola quadrada que gira parada em torno do sol. 
A frase repetidamente proferida por ex-parentes e agregados nunca fez tanto sentido como hoje. Como não fazer sentido nessa célula non sense em que vivemos?

Me pergunto se nos acostumados com os absurdos ou se os tempos mudam dessa forma mesmo... Não creio que os tempos mudem dessa forma.
Os tempos mudaram até aqui através de conquistas sociais, humanas. Depois do boom tecnológico, da globalização e conscientização do poder de guerrilha terrorista, tudo está de cabeça em viés, ao invés de, através.
Tenho muitas idéias para escrever peças, livros e minisséries. Todas anotadas e guardadas para o momento certo, mas há um iceberg no meio do caminho que não me deixa ver as fases lá da frente. Iceberg. Frio, gigantesco, lindo e provavelmente destruidor. Só porque estamos no seu caminho cego. Destrói sem saber, segue seu rumo natural, o embalo das águas judiadas. Nós é que estamos lá tentando entender porque somos tão pequenos diante da natureza. Soberba. Respeitar é a melhor forma de conviver em harmonia. Com gente, bicho e família. Nichos únicos e perigosos que desviam nosso caminho natural.

Iceberg, mon coeur... deixe o sol entrar e atravessar esse gelo, abra um caminho dentro de você, seu lindo, para que seja possível atravessar tamanha frieza sem perder a indescritível beleza da transparência e cores formadas pelos raios solares. Não impeça, imponha a presença magnífica e faça-nos contornar sua alegoria. Iceber, seu milagre... você, as baleias e os elefantes sempre foram habitantes de minha Nárnia, meu Jagatá, minha terra, meu lugar que esperava já ter alcançado agora.

Parei de fumar, bebo muito pouco. Nem quase socialmente. Adoro dançar. Saudade de cantar, tocar meu instrumento. Quanto sinto tudo isso chegando! Tão próximos de mim, bastando estender a mão e colhê-los no universo ao meu redor. Basta que eu estenda a mão à minha terra, ao meu lugar.

Sempre gostei de aprender, estudar. Quero saber tudo. Se pudesse, nunca teria parado de cursar, recursar, concursar. Está no caderno do meu lugar: não parar de conhecer, estudar, permanecer. É um combustível raro. Por isso tenho tantos livros "do it yourself" e tutoriais. Falta apenas a disciplina para dedicar algumas horas por dia para tanto, e também leitura, e escrivinhadura.

Meu amigo Marcelo me deu uma medalhinha de Nossa Senhora das Medalhas. Tirou do seu pescoço e me disse: me devolva quando conseguir o que quer. Meu amigo Marcelo. Já começou o movimento em mim com essa ação.

Muita natureza e pouca naturalidade nesse texto confuso e também non sense. Despertar para o desperdício é a pior coisa que pode acontecer a um criativo se esse não transforma ou transmuta o que lhe vem em causas, efeitos e movimentos.

Cada vez mais admiro os loucos. Os loucos sabem. Os loucos de verdade, não os que se auto intitulam e pregam falsamente um comportamento que não lhes pertence. No fundo são caretas se drogado para impressionar, mas que na hora H do dia D, envelhecidos, não honrarão suas atitudes.

Admiro pessoas de atitude, de coragem. Pessoas que tocam minha vida sendo assim. Que me inspiram fazem perdurar a fé. Estão todos tão individualistas que a maior atitude que podem tomar é curar uma fratura do cartão de crédito.

A vida é finita, sim. E quem pensa demais, absorve e processa, precisa devolver para o mundo, de uma forma ou de outra. Chegou minha vez de devolver. Com todo o humor e amor que trago ainda dentro e que foi muito mal aproveitado. Ainda há fogo sobre cinzas, que arde como arde a vontade de amar e cair no mundo, levantar no mundo. Assim será? Não há forças me impulsionando para a realização, ao contrário. A luta agora é driblar o baixo astral alheio. Nunca fui simplista. Nunca fui simples. 

Se não conseguiria me decifrar, por quê veio?

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