quinta-feira, 15 de novembro de 2012

De Pai para Filho - Dos dois para mim


Conheci Gonzagão e Gonzaguinha pessoalmente. Era década de 80, quase 90, bandas de rock surgindo aos montes para diversão e contemplação social de um lado, e a MPB com força total enchendo nosso peito de orgulho e mágoa pelos acontecimentos que as letras nos faziam lembrar e às vezes conhecer. As mulheres ainda eram reprimidas (que novidade!) a tal ponto que não tinham quase voz, e quanto menor a camada social, pior a situação. Os hoje merecidamente cultuados como Jair Rodrigues, Luiz Gonzaga, o Gonzagão, Wilson Simonal, Angela Maria, o magistral, único e absoluto Cauby Peixoto entre tantos outros que escreveram a história musical brasileira e ficarão para sempre, eram os "bregas" e fora de moda. Tirando a generosidade de alguns conceituados que aceitavam nossos convites para uma entrevista franca e cultural num programa popular (a maioria saía surpresa com a qualidade das perguntas e da condução das apresentadoras).

Conheci muita, muita gente. Não tirava fotos porque, jovem, idealista, me interessava o olho no olho, a conversa nas salas VIPS antes de entrarem em cena.

Assim conheci o Rei do Baião e toquei sua indumentária, apoiei o que chamamos no interior de sanfona para que ele pudesse "vesti-la" e rimos muito. Gonzagão era bem humorado e franco. Ouvi e vi shows à lá carte durante as entrevistas, sempre ao vivo.

Quando conheci Gonzaguinha, conversamos muito, muito mesmo. Nos divertimos também. Era quase copa de 1990 e um dos patrocinadores do programa "Mulheres", o Romão dos sapatos, distribuía bolas de couro ainda de capotão para os convidados, funcionários, todos. Romão sempre foi muito generoso e festeiro. Enquanto conversava com Gonzaguinha sobre futebol ser isso ou aquilo e ele dizer que ainda assim adorava, pedi um autógrafo na minha bola. Ele deu, escreveu carinhosamente o que não me lembro mais. Deveria ter essa bola comigo até hoje, mas meu sobrinho tinha 4 anos, ou menos, e foi pra ele quem eu dei a bola autografada por Gonzaguinha. Claro, ele acabou com a bola em pouco tempo e não gostou de vê-la rabiscada.
Ricardo, você jogou futebol numa bola autografada por Gonzaguinha. De uma forma ou de outra, a cultura sempre esteve perto de você e suas irmãs, e me orgulho de ter tido parte nisso, mas a bola do Gonzaguinha... até hoje não me conformo de tê-la dado à você, hoje músico. Talvez tenha alguma coisa  a ver, espero que sim. Por que nunca quis tanto aquela bola como quero hoje.
Eram outros tempos e tudo seria infinito! Quando começaram a apagar as fitas do programas gravados, quando Chacrinha, Gonzagão, Jorge Amado e Zélia Gatai, Gonzaguinha e tantos outros foram sendo devorados por comerciais ou outros programas gravados por cima, eu já deveria saber.
O infinito não existiria.
Há pouco tempo ouvi que era iludida. E concordei. Acho que sempre fui.
Mas aquela bola... como eu queria aquela bola...

0 comentários:

Postar um comentário