segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

NA ESQUINA DA CRISTIANO COM A ARTHUR

arte: Carmen Farão
As chances do casal de alemães da farmácia ser fugitivo da segunda guerra eram enormes. Ele sentado, quieto, observando tudo em volta, cabelos brancos e óculos fundos, pesados, aros grossos e pretos. O nariz arredondado e grande encaixado entre as bochechas enormes e caídas não deixava dúvida sobre a austeridade com que lidava com a vida.

(....)

Eles eram brancos, vestidos de branco. Quietos. Ele sentado, ela em pé. Ele observando tudo em volta, ela fulminando à todos de cima para baixo.

(...)

Quem teria coragem de entrar ali? Quem comprava naquele lugar? Constantemente nos perguntávamos quem seriam os clientes deles. Imaginávamos reuniões nazistas secretas nos fundos da farmácia quando baixavam a porta de aço. Tínhamos 12, 13 anos... (...)

Uma única vez decidi entrar na farmácia. Um teste de coragem entre amigos. Nunca gostei de ser desafiada. Disse que ia e fui. O cachorro levantou meio corpo e começou a rosnar. (...) Paguei, e o sorriso dela se apagou. Seu olhar dizia: "pronto, já fez o que tinha que fazer. vá embora agora.". Fui. A história ficou.

0 comentários:

Postar um comentário