domingo, 16 de maio de 2010

BACK TO THE FUTURE (2)



A janela do meu quarto era assim. Rua Capote Valente, segundo andar, última janela, em cima do muro de pedras que hoje está coberto de trepadeiras para evitar pixações. Sim, "eles" pixam pedras.

Dentro da janela, li muita coisa. Assisti filmes clássicos no mais clássico VHS, cantei achando que ninguém ouvia (hoje sei que se ouve tudo-tudo num apartamento) e dormi noites únicas na cama de solteiro que ainda está aí, dentro dessa (quase minha) janela.

Da janela, li o primeiro e único grafitte feito para mim, em tinta fosforecente para brilhar à noite, de um tempo que dava para ficar escrevendo de madrugada na Capote Valente, hoje tão movimentada a qualquer hora do dia ou da noite.

Meu pai me viu fumar pela primeira vez de baixo da janela. Eu dentro dela. Voltou com um maço de cigarros para que eu não fumasse "porcarias dos outros". Naquela época desconfiávamos muito pouco dos males do fumo, e a geração saúde não havia nascido, o que aconteceria em seguida. Jane Fonda pelo menos já publicara vídeos sobre como manter a forma. Era o começo. Embora manter a forma naquela época tivesse mais a ver com anfetaminas do que com a saúde em sí.

Uma coisa é bacana por aqui. Sempre há mais o que dizer, sempre há tudo pra lembrar, e como o tempo continua com o vento, pelo menos dá pra deixar registrado algo para não esquecer de voltar... pro futuro de novo.

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