terça-feira, 1 de novembro de 2011

Assim em Antigamente como no Céu.

Nós, pré-megabytes, bits e outros it's líamos muito. Ouvíamos muito. Assistíamos muito...

...Filmes, então, mais de uma vez. Tommy com The Who? 5 vezes. Nasce Uma Estrela com Chris Kristopherson e Barbra Streisand umas 11 vezes (chorei em todas), A Árvore das Folhas Rosas com Romy Schneider já velha nos anos 80, duas. E no aconchego do Belas Artes antes e depois da Reforma... tanto de t udo!

Um Estranho No Ninho fomos 3 vezes. Eu e meu pai. Ele foi sozinho uma quarta vez.
E ouvir escondido os Long Plays do Triunvirat, Jethro Tull e Led Zeppelin no quarto do irmão da Márcia Fávaro? Tínhamos que deixar tudo do jeito que estava quando invadíamos, porque se ele desconfiasse que alguém tinha mexido nos LPs dele, seria uma catástrofe.

Sempre nos reuníamos na casa da Márcia e assim foi até nossos 13, 14 anos. Um dia fundamos um jornal: "O Balote". Eu que já tinha facilidade para desenhar, fiquei responsável - além do conteúdo cultural - pela capa, logotipo e manchetes. Durou pouco "O Balote", mas eu nunca me esqueci dele. Meu primeiro porre foi na casa da Márcia Fávaro e eu sequer sabia disso. Tomamos o vinho do pai dela de São Roque, docinho, docinho... voltei pra casa cantarolando e falando sozinha. Minha mãe querendo saber o que eu tinha, coisa que só aconteceu no dia seguinte, depois de muita especulação, só podia ser o vinho, claro!

O bacana da middle-age é rever o "antigamente" que de agora em diante vou chamar de Antigamente, uma terra como Nárnia ou Logo Ali,  onde posso visitar e vasculhar à vontade. Rever Antigamente com os fatos e olhos de agora. Imaginem que no tempo de "O Balote" eu queria ser jornalista ou cineasta. Ou tocar numa banda de rock. Ou só viajar com ela.
Pedi um violão de presente no meu décimo segundo aniversário e me matriculei no conservatório da Capote Valente (que hoje é uma "espécie" de boate).
Siiim, minhas amiga... eu toco violão. E dele vieram muitas alegrias, muitas, muitas! Um tempo de cantar e cantar e cantar a beleza de ser o eterno aprendiz. Muitos sorrisos, muita risada, muita amizade, muita cultura.
Eu li o Manifesto Comunista em quadrinhos. O Capital, I e II inteiros e O Outro Lado da Meia Noite do Sidinêi (O Sheldon), Pappillon em capa dura do círculo do livro, todos, absolutamente todos os livros de Agatha Christie e Jorge Amado. Adorava o cheiro que os livros tinham em Antigamente. Cheiro de papelaria.  Abrir um livro... ah, abrir um livro... Como eu adorava abrir um livro! Que viagem.


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